VELAS, LUGAR DE TRADIÇÕES SECULARES
A ilha de São Jorge, situada no coração do arquipélago é, sem dúvida, uma paragem obrigatória quando se visita os Açores. Não só pelas suas magníficas paisagens, que avistam sempre outra ilha na linha do horizonte (Pico, Faial, Graciosa e Terceira), mas pelos seus costumes e tradições, pela hospitalidade – principal característica dos Jorgenses -, pelas atividades que pode fazer e que agradam a todo o tipo de pessoas e a todas as idades. Se é aventureiro, pode sempre percorrer as dezenas de trilhos pedestres que percorrem a encosta da ilha; se quer apenas relaxar pode rumar até a uma das inúmeras fajãs, encostar-se a uma rocha a sentir a brisa do mar, ler um bom livro e apreciar a paisagem.
Tentador, não é? Se o acha, deixe-me adicionar a gastronomia Jorgense a esta imagem de férias perfeitas: a cozinha açoriana é muito rica e diversificada, porém com um sabor simples, sem ingredientes complicados. O valor da tradição nesta gastronomia impera. Portanto, o que irá degustar vai fazê-lo recuar no tempo, à casa da sua mãe ou da sua avó. São cheiros e gostos que preenchem a alma e que nos reconfortam. As tradicionais Sopas do Espírito Santo são já obrigatórias quando chega a altura das Festas do Divino Espírito Santo, que não podem vir sem o arroz doce de seguida. Outras iguarias estão muito relacionadas com as matanças do porco, nas quais se fazia (e ainda se faz) a morcela, a linguiça e os torresmos que são acompanhados pela batata doce ou pelos deliciosos inhames que crescem nas encostas da ilha. A nível de doces tradicionais, estes têm especiarias tais como erva doce ou canela que são o fio condutor nesta categoria. São eles as Espécies, os Esquecidos ou os Suspiros, por exemplo. A prova do famoso Queijo de São Jorge é obrigatória, um queijo já várias vezes galardoado e com um sabor único e viciante.
Ao passear pelo Concelho das Velas, pode descer às suas fajãs que fazem parte do Ex-líbris do Município: a Fajã do Ouvidor, a Fajã da Ribeira da Areia, a Fajã d’Além, na Freguesia do Norte Grande; a Fajã das Almas, na freguesia das Manadas, a Fajã de Vasco Martins, na freguesia de Santo Amaro e a Fajã de João Dias, na freguesia dos Rosais. Os miradouros que se encontram pelo caminho não passam despercebidos – a Vigia da Baleia, em Rosais, recentemente restaurada, constitui uma paragem obrigatória quando se visita a ponta da ilha -, assim como os parques florestais, nomeadamente, o Parque das Macelas, em Santo Amaro, e o Parque Florestal das Sete Fontes, nos Rosais. Para além dos passeios terrestres, pode também dar um passeio de barco pela costa da ilha e deslumbrar-se com as encostas verdejantes compostas por pequenas cascatas.
Para além das paisagens fascinantes pode ainda visitar os edifícios históricos do Concelho tais como a Torre Velha ou Torre Sineira na freguesia da Urzelina, o Museu de Arte Sacra – situado na Igreja Matriz das Velas –, a igreja da freguesia das Manadas ou ainda o edifício dos Paços do Concelho, uma construção do século XVII, exemplar da arquitetura barroca civil Açoriana.
Enfim, o que não faltam são atividades para todos os gostos. Em família, num grupo de amigos ou mesmo sozinho, venha visitar a ilha do dragão adormecido e constatar com os seus próprios os olhos que o paraíso, de facto, existe.
texto: Catarina Ávila