Afirma Luís Silveira
Semana Cultura das Velas
“é o mundo a chegar à nossa Terra”
O Presidente da Câmara Municipal das Velas, Luís Silveira, afirmou, esta quarta-feira, que a Semana Cultural das Velas “representam o modo como os Velenses criam e mantém relações de amizade, como revelamos o amor Pela Nossa Terra e, sobretudo, como fazemos da partilha de emoções e da hospitalidade uma marca característica indelével da nossa vivência. É o mundo a chegar à nossa Terra”.
Discursando na sessão solene de abertura da XXX Semana Cultural das Velas, no salão nobre dos Paços do Concelho, o autarca transmitiu um misto de sensações: “É com um certo orgulho – que não disfarço – e com um extraordinário sentido de responsabilidade que mantemos vivo o maior expoente de celebração e preservação da nossa cultura e das nossas mais enraizadas tradições”.
Lembrado que, “há praticamente quatro anos atrás”, quando “o atual executivo camarário, em estreita colaboração com a Associação Cultural das Velas, assumiu o desiderato de manter e erguer a Semana Cultural, fizemo-lo numa conjuntura económica e financeira de todos bem conhecida”, que “não era fácil”, mas realçou o espírito como “a Nossa Gente e a Nossa Terra sempre souberam estar à altura dos grandes desafios”.
Enumerando, Luís Silveira apontou que “os recursos eram escassos, mas inovamos na organização; os meios eram parcos, mas introduzimos qualidade na programação; as expetativas eram curtas, mas diversificámos na oferta; as dificuldades não nos impediram de colocar de pé a nossa Semana Cultural, nem a nossa ousadia intentou alguma vez colocar em causa a sustentabilidade da Câmara Municipal e da Associação Cultural”.
No ano em que as maiores festividades concelhias e o primeiro grande festival de verão das ilhas do Triângulo celebra 30 anos de existência, Luís Silveira salientou a “satisfação” pela sua realização e manutenção, mas apontou que o futuro é “também um interessante desafio”. Neste sentido, prosseguiu, “entendeu a organização acrescentar mais um dia à Semana Cultural, traçando uma programação que junta as metas originais da festividade, às atividades que se vieram associando ao cartaz e que dela são já parte indissociável. Saliento a inclusão no programa da Semana Cultural de atividades como o lançamento do selo filatélico comemorativa da efeméride, bem como o lançamento do livro “Açores e Madeira – percursos de memória e identidade”, ou o livro biográfico de um filho da nossa Terra, “Vital Cardoso – O Poeta Marinheiro”, ao mesmo tempo que promovemos as nossas filarmónicas, o nosso folclore, a cantoria (tão do agrado do público local e da nossa diáspora), distinguindo os artistas locais abrindo-lhes a porta do Auditório Municipal para exporem os seus trabalhos, entre muitas iniciativas que vão do mar à praça de toiros e que visa alcançar todos, dos 8 aos 80”.
Para além das filarmónicas e dos grupos folclóricos (de São Jorge, de outras ilhas e até vindas do Continente português e dos Estados Unidos da América), foi realçado ainda o desfile de marchas populares, entre elas, “a Marcha Oficial da Semana Cultural, sendo de destacar o papel empenhando de vários artistas açorianos na sua elaboração: uma saudação especial a Victor Rui Dores (autor da letra da marcha), a Renato Bettencourt (autor da música), a Vanda Soares (que a coreografou e ensaiou) e a António Pedroso (que desenhou as roupas). Depois do grande esforço desenvolvido no processo de reativação da chamada Marcha Oficial, importa registar o trabalho de quem a mantém viva e com vida”.
Luís Silveira deixou ainda “uma palavra à afición Jorgense que continua empenhada em manter vivas as tradições taurinas e tauromáquicas deste Povo”.
Instituições e coletividades
parceiras da organização
No discurso que marcou o arranque oficial da XXX Semana Cultural das Velas, o Presidente do Município deixou vários agradecimentos, destacando os que chamou de “grandes parceiros”: “Deixem-me endereçar uma palavra especial de agradecimento a todos os colaboradores da Autarquia e à direção da Associação Cultural das Velas e manifestar um sentimento especial de gratidão por todas as nossas instituições e coletividades que, numa parceria recíproca de colaboração, se associam à organização deste evento. A Câmara Municipal disponibilizou-se para as ajudar a angariar alguns fundos que lhes permitam fazer face às suas despesas e responsabilidades; elas ajudam-nos a fazer uma grande festa”, numa referência ao facto de os espaços disponibilizados às tasquinhas ser isento de custos para as instituições que assim estão na festa a tentar angariar alguns fundos.
Uma referência também “a todos os patrocinadores privados da organização da Semana Cultural e a todas as entidades públicas que nos ajudam a pôr de pé esta festa”.
30 anos de história
Luís Silveira traçou uma resenha dos 30 anos de história da Semana Cultural das Velas, destacando o facto das festividades terem nascido “de uma pequena motivação”.
“As semanas culturais começaram por uma pequena motivação que surgiu numa altura em que o poder local teve a ousadia de saber aproveitar uma solicitação de apoio da Senhora Professora Isaura Carvalho que pretendia realizar um pequeno evento por ocasião do encerramento do curso de formação para adultos em Rosais. Este pedido de colaboração foi o mote e a rima para o então Presidente da Câmara Municipal das Velas, Senhor Frederico Maciel, aproveitar o ensejo e, colocando algumas contrapartidas à Professora Isaura, organizarem a I Semana Cultural das Velas. Estávamos em 1988, numa altura em que São Jorge só era ilha quando a terra tremia, o mar nos alagava ou o vento nos deixava ainda mais distantes de tudo e de todos. Assim, as minhas primeiras palavras, hoje, 30 anos depois, são de agradecimento pelo arrojo, pela ousadia, pela dinâmica, criatividade e capacidade empreendedora que a Professora Isaura Carvalho (infelizmente, muito recentemente falecida) e o Senhor Frederico Maciel tiveram para colocar a ilha de São Jorge e o Concelho das Velas, em particular, no mapa açoriano da cultura, das tradições e até da reflexão e do pensamento”.
“Estes 30 anos de história, de cultura, de tradição são o corolário de um caminho iniciado quando, nestas ilhas mais periféricas dos principais centros de decisão regionais, pouco se ouvia falar de eventos desta natureza. Aqui, fomos percursores da celebração da nossa tradição e cultura. Daqui olhamos o futuro e catapultamos a celebração festiva em outras ilhas e concelhos. Foram os Velenses que trocaram ideias, que convergiram objetivos, que perspetivaram a amplitude de preservar a tradição e promover a cultura, a partir do centro do arquipélago”, afirmou o autarca.
Inicialmente a Semana Cultural das Velas acontecia por ocasião da celebração do Dia de São Jorge, em abril, só em 1996, foi decidido associar a Semana Cultural à Regata Horta-Velas-Horta, procedendo-se então a uma adaptação dos objetivos iniciais da Semana Cultural, incluindo-se mais atividades lúdicas e de veraneio, passando a oferecer um festival musical, assumindo-se como um importante cartaz turístico, virado também para a dinamização económica do Concelho.
Assim, destacou o edil, “ao longo dos próximos dias receberemos com abraços de saudade aqueles que regressam à terra e damos as boas-vindas aos que nos visitam, vindos de outras ilhas ou de outras paragens mais longínquas.
Luís Silveira, depois de revisitar a história, terminou a sua intervenção “como terminou há 30 anos o então Presidente desta Câmara Municipal, Senhor Frederico Maciel: até à próxima Semana Cultural a realizar no próximo ano”.
Velas, 5 de julho de 2017